sexta-feira, agosto 09, 2013

Dalai Lama

"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."

quinta-feira, agosto 08, 2013

Eat, Pray, Love

Antônio de Pádua, certa vez, escreveu sobre quando foi para o deserto fazer um retiro de silêncio e foi acometido por todo tipo de visão - tanto demônios quanto anjos. Disse que, em sua solidão, algumas vezes encontrou demônios que pareciam anjos, e outras vezes encontrou anjos que pareciam demônios. Quando lhe perguntaram como ele sabia a diferença, ele respondeu que só se pode dizer quem é quem com base na sensação que se tem depois que a criatura for embora. 
Se você ficar arrasado, disse ele, então foi um demônio que veio visitá-lo. 
Se você se sentir mais leve, foi um anjo.

Fé x Tradições

"Os indianos repetem uma fábula de alerta sobre um grande santo que estava sempre cercado, em seu ashram, por devotos leais. Durante horas por dia, o santo e seus seguidores meditavam sobre Deus. O único problema era que o santo tinha um gato jovem, uma criatura irritante, que costumava atravessar o templo miando, ronronando e incomodando todo mundo durante a meditação. Então o santo, com toda sua sabedoria prática, ordenou que o gato fosse amarrado a um poste do lado de fora durante algumas horas por dia, apenas enquanto durasse a meditação, para não incomodar ninguém.

Isso se tornou um hábito - amarrar o gato ao poste e, em seguida, meditar sobre Deus - mas, com o passar dos anos, o hábito se consolidou, transformando-se em um ritual religioso. Ninguém conseguia meditar a menos que o gato fosse amarrado ao poste primeiro. Então, um dia, o gato morreu. Os discípulos do santo entraram em pânico. Foi uma enorme crise religiosa - como poderiam meditar agora sem um gato para amarrar no poste? Como conseguiriam alcançar Deus? Em suas mentes, o gato tornara-se o meio.

Tomem muito cuidado, alerta essa história, para não se tornarem obcecados demais com o ritual religioso por si só. Sobretudo neste mundo dividido, onde o talibã e cristãos seguem travando sua guerra internacional de patentes para resolver quem detém os direitos em relação à palavra Deus, e quem tem os rituais adequados para alcançar esse Deus, pode ser útil lembrar que amarrar o gato ao poste nunca levou ninguém à transcendência, mas sim o desejo individual constante de um discípulo de vivenciar a eterna compaixão do divino. A flexibilidade é tão essencial para a divindade quanto a disciplina."

Elizabeth Gilbert

Ana Bolena e a Reforma Protestante

Aos 17 anos, usei esse mesmo blog para escrever sobre a história de uma rainha inglesa cuja história eu muito admirava. Eu estava obcecada com os muitos livros que eu resolvi ler sobre a corte Tudor, e o trágico fim de Ana Bolena. Então a empolgação foi tanta, que resolvi passar meu texto para o word. Anos depois, tive a imensa sorte de conseguir publicar aquele projetinho que fiz com tanto carinho!  

Originalmente intitulado Ana Bolena e a Reforma Protestante, escrevi sobre a história de uma mulher petulante, inteligentíssima, com grandes habilidades políticas, literárias, e filosóficas. Foi personagem principal na história que mudaria para sempre os caminhos da religião (e da política) na Inglaterra. Usando nada além de charme feminino, ela fez com que um rei abandonasse sua esposa, e rompesse com a igreja mais poderosa da Europa, criando assim sua própria instituição religiosa: A Igreja Anglicana. Esse acontecimento foi tão impressionante, que fez com que os cofres do reino ficassem cheios, permitindo novos investimentos, como, por exemplo, o fortalecimento da frota marítima. Isso resultaria, anos depois, na conquista do Novo Mundo, conhecido por nós atualmente como América. Tudo isso porque um rei se apaixonou por outra mulher...

A Reforma Protestante, movimento surgido pela a indignação das pessoas quanto à situação vergonhosa da Igreja Católica, resultou na criação de Igrejas Protestantes, e no enfraquecimento do poder do Vaticano. Esse desligamento deu lugar à novas formas de pensar, de agir, novos costumes e mudanças significativas na forma de exercer a fé: por exemplo, as pessoas passaram a poder ler a Bíblia em inglês (antes ela só podia ser escrita em latim... idioma que quase ninguém sabia ler).

Quando o casamento com Ana Bolena frustrou a vontade do rei de ter um filho menino, o rei Henrique condenou sua esposa por acusações de bruxaria e adultério. Aos 36 anos, Ana Bolena foi decapitada. Mal Henrique sabia que sua filha Elizabeth seria, anos depois, a maior monarca absolutista da história britânica.

As razões que me levaram a escrever sobre esse tema foram duas: Eu queria poder dar meu ponto de vista, depois de tanta coisa que tinha lido sobre a corte Tudor. E queria mostrar o quanto é impressionante que uma mulher, a tanto tempo atrás, tenha mudado, mesmo que acidentalmente, o cenário de um país.

Tentei inserir também características dos reinos europeus naquele período. Costumes, roupas, comidas... Tudo foi devidamente pesquisado, e tentei passar da maneira mais simples possível. Sou da opinião que a melhor forma de aprender algo sobre uma pessoa, é aprendendo sobre onde e quando ela viveu.

Com ajuda da editora Valer, e da minha amiga ilustradora Irena Freitas, criamos então o livrinho que ficou conhecido apenas como "Ana Bolena". Pode ser encontrado na livraria Valer, no centro de Manaus. Sou imensamente agradecida a todos os familiares e amigos que me incentivaram a escrever essa história. Por mais bobas que pareçam ser nossas idéias e vontades, temos que ter a coragem de realizá-las. É isso que nos mantém vivos: se divertir fazendo o que se gosta. Deixar um pedacinho de nós por onde passamos. Falar o que pensamos, mesmo que seja através da escrita, da música, da poesia, ou mesmo de um blog...

Afinal de contas, quem é que nunca quis dar sua própria versão dos fatos?




quarta-feira, agosto 07, 2013

Coloquei-te no Centro do Mundo

Hoje eu estava fazendo um trabalho de faculdade sobre a UNESCO, e encontrei um artigo da diretora-geral, Irina Bokova, chamado "O Novo Humanismo do Século XXI". 
Confesso que fiquei com um pouco de preguiça de ler tudo, mas foi escrito de uma forma tão simples e envolvente, que quando você se dá conta, já está na última página. Dentre as novas formas de interação das sociedades atuais, ela destaca a importância do envolvimento cultural e artístico que une a humanidade. Um dos trechos citados por ela me chamou a atenção:


“Disse Deus ao homem: coloquei-te no centro do mundo, para que possas olhar à tua volta, e ver o que o mundo contém. Não te fiz celestial nem terreno, mortal nem imortal, puderas tu próprio escolher o teu caminho. Pela tua vontade poderás tornar-te um bruto irracional ou podes alcançar uma elevada perfeição, quase divina" A Dignidade do Homem - Picco della Mirandolla.



Curiosa, fui pesquisar mais sobre esse autor. Picco della Mirandolla era um filósofo italiano nascido na época do Renascimento europeu. Em seus textos, ele buscou unir religião e filosofia, a beleza impecável do divino em união com a beleza das imperfeições humanas, a busca do mortal em tornar-se imortal através de suas obras. Isso foi um pensamento bem ousado para uma época em que o teocentrismo ainda dominava a cabeça de todos. A história dele é até bem bonita!



E hoje, se podemos ter a certeza de algo, é exatamente isso. Independentemente de onde nascemos, de onde crescemos, dos idiomas que falamos, das crenças e culturas que adotamos, todos nós, nos quatro cantos do mundo, temos uma única coisinha em comum: nossa própria condição - mesmo frágil e por vezes caótica - de seres humanos.


http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001897/189775e.pdf - Neste link é possível ler o artigo. Recomendo demais! :)