terça-feira, abril 01, 2014

Bonjour, Nice!

Fui chorando o caminho todo para o aeroporto de Kathmandu. Depois de duas semanas, chegou a hora de passar para a segunda fase da minha viagem.A idéia de vir estudar na França me dá mais medo do que ter ido pro Nepal. 

Depois de três voos, cheguei em Nice. Linda Nice. Limpa Nice. Elegante, sem poeira, e sem barulhos de buzinas Nice. Nice do clima quentinho - e de pessoas frias.

Minhas primeiras horas aqui foram de chororô total. Cheguei para pegar a chave do apartamento estudantil em que vou ficar - que é uma fofura, e todo arrumadinho - e a mulher da recepção me explicou tudo em francês, mesmo depois de eu repetir mil vezes que só falo inglês.

Já me senti sozinha nas primeiras horas. Entrei num pequeno desespero e comecei a pensar se não teria sido melhor fazer outro intercâmbio em inglês, porque como-diabos-eu-vou-ficar-aqui-por-meses-sem-falar-francês?

Esse é um idioma que me deixa nervosa... Na hora de falar, me atrapalho toda e confundo coisas básicas como "pardon" e "merci" - o que me leva a pedir desculpas para a moça do caixa do mercado, e agradecer quando esbarro em alguém. Vou precisar de muita sorte - e um bom dicionário - nesses próximos meses.

Mas então sentei no chão do meu novo lar e respirei fundo. Minha mente estava um turbilhão, mas então lembrei que em momentos de desespero, de nada adianta perder o controle das emoções. O local de paz da mente é o coração. Então fechei os olhos e agradeci a Deus por todas as minhas experiências no Nepal, e por ter chegado em segurança aqui. Em momentos de insegurança, nossa mente é como um neném: choraminga, faz barulho, não sossega... até que você dê colo. O único lugar em que ela encontrará paz é no silêncio de dentro do coração - é lá que Deus mora. 

O condomínio dos apartamentos estudantis não tem sala comum, então não conheci ninguém ainda. Amanhã é meu primeiro dia de aula, e como não consegui entender nada das instruções, recorri ao google para pesquisar o caminho da minha escola. Dei algumas voltas na redondeza, e fiz algumas comprinhas para estocar minha cozinha. 

Depois de um tempo arrumando minhas coisas, meu apartamento pareceu mais confortável - meus pertences nos armários, fotos da minha família e amigos nas estantes. 


Pedi tanto a Deus que eu tivesse um tempinho para ficar sozinha, escrever meus próximos livros e refletir sobre meus planos para o futuro. E aqui está esse momento. Foi então que percebi que a felicidade depende inteiramente de como vemos as coisas. Eu estou radiantíssima por ter - ai ai ai - um banheiro próprio com água quente interminável e um chuveiro com boxe!!