sábado, junho 20, 2015

Nossos Lindos Erros

Grande parte das lembranças que eu guardo dessas viagens por aí são dos meus erros. Tem coisa mais engraçada do que ver aquela linda foto num restaurante e lembrar que na verdade você foi parar ali porque teve preguiça de comprar um mapa da cidade, se perdeu, achou que nunca mais ia encontrar o caminho de volta e sem querer comeu a melhor comida da sua vida num boteco perdido? Ou lembrar que por trás do sorriso da foto em que você está montado num camelo no meio do deserto do Saara havia o sofrimento de ter ficado uma hora inteira no sol com a bunda doendo? E quando você viajou para competir no seu esporte e deixou a barra cair na sua cabeça? Na hora dói, mas que sensação gostosa que é contar isso para os amigos perdendo o ar de tanto rir. 

E aliás, essa é uma das poucas coisas que nós humanos do mundo inteiro temos em comum: nossa interminável habilidade de errar. A gente come coisas diferentes, ri do sotaque do outro, demonstra nossos sentimentos, sobretudo o amor, com atos nada parecidos uns dos outros (daí a grande quantidade de brigas). Mas os erros são iguais. E as vezes ainda somos caras de pau de julgar o erro dos outros. Então lembre: não seja ingrato com suas falhas, elas são suas grandes companheiras. Seja gentil com suas imperfeições. A dor e vergonha dos erros vão passar, porque se tem uma verdade universal é de que o tempo cura quase tudo.

 E quer que eu te diga uma coisa? Você ainda vai errar muito nessa vida. Muito mesmo. Vai fazer o que não devia, vai sair na hora errada, vai se calar quando devia fazer barulho, vai pegar o caminho errado no trânsito quando se distrair, vai comprar um shampoo ruim por curiosidade, vai falar coisas que vão magoar um amigo e deixar de brigar com quem merece ouvir. Vai discutir na fila do banco, vai esquecer de alimentar o cachorro, e vai errar a data do aniversário de casamento. Vai roubar a caneta do escritório e vai ter vergonha de roubar um beijo. Outros erros vão surgir. Depois você vai acordar arrependido e querendo fazer diferente. E no dia seguinte também. E depois mais um dia, e mais um. Olhando o cenário geral, vê no que dá: uma sequencia gigantesca de dias que você queria ter vivido fazendo algo diferente pra evitar seus erros de acontecerem. Quanto tempo perdido, não?

 Então abrace seus erros, admita que você não é perfeito, desacelere um pouco. Ao invés de acordar se motivando a ser diferente de ontem, acorde lembrando das coisas boas que você fez, por menores que sejam. Dê uma risada dos seus micos, peça perdão quando fizer algo errado, e então esqueça. Não se preocupe se a outra pessoa não te desculpar, quem tem que fazer isso é você. Todas as células do teu corpo existem para isso: limpar tua barra e batalhar incansavelmente por você. Não estou dizendo que devemos ser imprudentes ou não buscar progredir. Mas admita, vai... Você sabe que ainda vai voltar a cometer uma linda quantidade de erros. 


E a melhor parte é que cada um deles vai ter a sua cara.