segunda-feira, março 17, 2014

17 de Março

Por alguma razão, não consegui dormir nesta noite. Zero mesmo. Fui deitar pouco antes de meia noite, e fiquei acordada até o sol nascer. Não sei se foi o jet lag, ou se era a preocupação com a mala que ainda estava sumida - isso é o pesadelo de qualquer pessoa que viaja, né? Mas até que não fiquei cansada no resto do dia. Como eu sou nova, ainda não tenho trabalho na programação. Mas nenhum dos outros voluntários tinha chegado ainda, e eu já tinha passado o domingo todo dentro da casa. Então pedi para começar a trabalhar hoje.

Inicialmente eu tinha escolhido o projeto de trabalho na escola para dar aula para as crianças. Quando você chega aqui, descobre que existem mais projetos disponíveis do que aqueles que a gente vê no site. E se você quiser, pode trocar aquele que tinha escolhido, ou participar de mais de um. Como já tinha mais voluntários nas escolas e no orfanato, pedi para ir para o asilo, porque só uma das meninas da casa ia para lá hoje. Andando da casa até o asilo, acho que levamos uns 15 minutos. Em geral, os projetos não são tão longe. Não sei me localizar por aqui ainda, então fui junto com a Fernanda (minha roomie mexicana, adoro ela!).

Chegando lá, você vê um templo branco, lindo - acho que era um palácio antes. O Lar dos Idosos fica lá dentro. Não dá pra tirar foto - e nem acho que seria respeitoso tirar. Então o jeito é tentar descrever para vocês o que foi meu dia. Mas nada que eu falar aqui vai conseguir transmitir o que você vê lá ou o que sente.

O local é extremamente precário. Não tem sistema decente de esgoto, e é cheio de moscas. Mas os voluntários fazem o melhor possível diante da situação, com carinho e muita energia. Tem 40 idosos morando lá, homens e mulheres. O trabalho dos voluntários é basicamente: limpar as fraldas dos idosos, dar banho, lavar as roupas deles, levar lá para o pátio na cadeira de rodas (a maioria já não consegue mais andar), dar comida na boca (alguns não conseguem comer sozinhos), e lavar os pratos e banheiro. Pode ser bem cansativo... Levei quase 1 hora alimentando uma das mulheres de lá. De primeira você fica meio estático. Não sabe o que fazer. Mas logo você põe as mãos na massa e vai encontrando o que fazer. O trabalho lá é sempre pela parte da manhã, e o tempo até que passa rápido porque sempre tem MUITA coisa.

Mas mesmo com toda a intensidade do cenário, é possível enxergar beleza nas roupinhas coloridas que vestem nas mulheres depois do banho. Ou no sorriso que eles dão quando você tagarela sem parar em inglês - e depois descobre que eles não falam inglês. Mas carinho é universal, né? A gente entende um sorriso, independentemente do idioma. Tem alguns que até arriscam um pouco de inglês. Um dos senhores tava contando um pouco da história dele. Pelo que entendi, ele era Chaveiro antigamente, e fazia as melhores chaves da redondeza!

 Não sei descrever a sensação que você tem depois... É um pouco surreal. Você sai de lá sem acreditar que sim, você acabou de trocar as fraldas de uma senhora que você nunca viu na vida, num país que fica do outro lado do mundo. Mas é instantaneamente gratificante. Cada pedacinho de você começa a sorrir e chorar, simultaneamente.

Bem, pela tarde participei de outro projeto - pintar as paredes de uma escolinha nova. Depois conto um pouco mais sobre esse. Agora vou jantar!

Bjs!